Não vai ter golpe, vai ter luta

Amanhã, 1º de abril, o golpe de 1964 completa 52 anos. Muito se fala no dia 31 de março, mas o golpe se efetivou no dia da mentira. Hoje, meio século depois, vivemos um novo golpe em curso. A grande imprensa – aquela que se diz “independente” e imparcial, mas que, na verdade, representa os interesses do grande capital – não falava em golpe em 1964, mas em “revolução”. O STF e a OAB foram no mesmo caminho, defendendo o ato como a defesa da nação. Aceitaram o ataque à Constituição de 1946. Jango estava em solo brasileiro quando foi decretada a vacância da presidência. Rapidamente, o presidente da Câmara foi empossado para, logo depois, passar o poder para o Comando da Revolução e depois elegendo Castelo Branco de forma indireta. João Goulart tentou promover algumas medidas de caráter popular e de ampliação da democracia (soa comum, não?), com a tentativa de inclusão de uma parcela significativa dos mais pobres e de camponeses. Isso assustava os setores mais conservadores e reacionários, sempre contrários a processos de grande inclusão social. Golpes e tentativas de golpe aconteceram na nossa história recente em momentos de tensão social, mas também quando havia a possibilidade de perdas para os mais favorecidos.

Esses setores se valeram da imprensa para gerar uma narrativa que tornasse o golpe desejado e não fosse visto como uma afronta à democracia e à Constituição. Os golpes não eram vendidos para a população como golpes, mas como atos em defesa da democracia e da liberdade. Esses valores sempre foram usados e encampados por setores retrógrados e fascistas, quando, na verdade, eram contra a ampliação da democracia e da liberdade em seus sentidos mais amplos. O que aconteceu após o golpe em 1964, patrocinado pela grande mídia, FIESP, militares e setores conservadores? Tivemos a restrição da liberdade, a democracia foi torturada e desaparecida, além da limitação de direitos, do arrocho salarial e do aumento da desigualdade. Muitos daqueles que apoiaram o golpe foram atacados por ele. Claro, a FIESP, o grande empresariado e a mídia tiveram ganhos exorbitantes, enquanto sufocavam a imprensa alternativa e os trabalhadores.

O que vivemos hoje, em 2016, é um GOLPE, com todas as letras. Obviamente, a Rede Globo não vai dizer que é um golpe; Janaina Paschoal e Reale Jr. não falarão que seu processo é um golpe; a FIESP não falará que gasta milhões para patrocinar um golpe; parlamentares que são ou representam o grande capital não vão dizer que atuam em defesa do golpe. Vão usar palavras bonitas, como “liberdade”, “democracia”, “união”, “harmonia” e se valer de seus âncoras em falas emocionadas. Vão dizer que “basta!”, “chega!”. Como em 1964, vão dizer que defendem o país, vão dizer que defendem a “democracia”. Uma ova! Defendem seus interesses particulares, defendem cortes em programas socais, defendem diminuição do gasto público para bancar gastos com a iniciativa privada, defendem a diminuição de direitos com a desculpa de aquecer a economia, defendem a privatização de boa parte dos serviços públicos e de estatais. Alguém poderá dizer que esse é um discurso do medo, mas está lá nos projetos apresentados pela oposição nos últimos meses e no documento de Michel Temer, a tal “Ponte para o Futuro”, uma verdadeira pinguela para o passado.

Por isso, é preciso resistir ao golpe e defender a democracia. Mas uma democracia inclusiva, participativa, progressista, com cara de povo, com cheiro de povo e com ritmo de povo. Uma democracia plural e tolerante. Uma democracia com bens e serviços públicos de qualidade e com a ampliação de direitos. Uma democracia para todos!

‪#‎NãoVaiTerGolpe‬

 

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